Está na moda usar o termo “previsibilidade” para culpar o
insucesso de certas equipes. A Espanha desmoronou em duas rodadas porque seu
estilo ficou previsível. O Brasil, alvo de intensos estudos após a conquista da
Copa das Confederações, estaria se tornando previsível. Amigos, talvez “previsível”
não seja a palavra mais adequada para exemplos como estes dois. As estratégias
espanhola e brasileira se tornaram conhecidas, não previsíveis. Previsível é a
seleção russa.
Tecnicamente, todos os jogadores russos parecem incapazes de jogar
no improviso, por instinto. Não existe coelho na cartola dos russos. Assim,
qualquer imprevisibilidade deveria vir da estrutura tática da equipe, e é aqui,
neste ponto, que entra em questão o trabalho do italiano Fabio Capello,
simplesmente o treinador mais bem pago dentre os 32 presentes na Copa do Mundo.
Sem condições técnicas para surpreender na individualidade, a
Rússia deveria desestruturar o rival com inversões entre os meias que jogam
aberto, recuo do centroavante para abrir espaço, avanço dos volantes,
aproximações aos laterais, entradas em diagonal... Opções táticas não faltam,
mas o que se vê são russos como se fossem bonecos de totó, sempre na mesma
posição. A Rússia é um exemplo didático do que é um time previsível, e muito
por causa disso caiu diante da Bélgica, que, se não é brilhante, improvisa
movimentos táticos e surpreende com o talento de um Hazard ou um Mertens.
Diferente da Rússia, os Estados Unidos fizeram da imprevisibilidade
tática sua principal arma contra os portugueses. É verdade que Portugal lutou
muito e na individualidade e na estratégia do boi-bumbá (seriam os ares da
Amazônia?) conseguiu empatar no finalzinho, mas em momento algum os patrícios
foram capazes de neutralizar os norte-americanos. O meia Bradley flutuou por
todo o gramado, o volante Jones soube a hora certa de se aproximar da área
rival, o lateral Johnson aproveitou o corredor e o centroavante Dempsey não parou
quieto. Todos os estadunidenses sabiam as suas funções e a dos seus companheiros.
Seria um equívoco não enxergar aí o dedo do treinador Klinsmann.
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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
Enquanto a Suíça foi eliminada da Copa do Mundo de 2006 sem
sofrer sequer um golzinho em quatro jogos, o goleiro Hong Duk-Yung, da Coreia
do Sul, buscou a bola nas redes nada menos do que 16 vezes em apenas duas
partidas no Mundial de 1954. A Suíça de 2006 e a Coreia do Sul de 1954 são, respectivamente,
as seleções que menos e mais sofreram gols em uma única edição do Mundial.
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