quinta-feira, 4 de abril de 2013

QUASE DESCONHECIDOS


Homem mais rápido do mundo, maior ícone olímpico da atualidade e dono de um carisma sem igual, o jamaicano Usain Bolt esteve no Rio de Janeiro para competir pela primeira vez no Brasil. Como todos esperavam, venceu a prova de 150 metros, apesar de não ter conseguido bater a melhor marca na distância, que também lhe pertence. Entre passinhos de funk e volta olímpica, Bolt recebeu da galera uma bandeira do Flamengo e desfilou com esta pela pista. Por alguns instantes se estabeleceu uma intimidade entre o atleta deste início de século e o time de maior torcida do “País do Futebol”.

Poderia ser uma demonstração da grandeza do Rubro-Negro, mas as palavras do astro, alguns minutos depois, mostraram a dura realidade: Bolt não conhecia o Flamengo. E não é culpa do velocista, que é fã de futebol, diz ter o sonho de disputar uma partida pelo Manchester United e até possui alguma intimidade com a redonda. A culpa é pura e exclusiva do Flamengo. Ou melhor, de todos os clubes brasileiros, pois qualquer que fosse a bandeira sacudida por Bolt, seu desconhecimento seria o mesmo.

Aqui na América – de norte a sul – existe uma infinidade de apaixonados por futebol. E mais ainda pelo futebol brasileiro, um legado deixado por Pelé, Garrincha e brilhante companhia. Na Bolívia, por exemplo, Ronaldinho Gaúcho já foi homenageado duas vezes: recebeu a Medalha do Mérito Esportivo das mãos do Presidente Boliviano, Evo Morales, e foi presenteado pelo Governador do Departamento de La Paz, César Cocarico, com três peças de roupa típicas dos povos indígenas aimarás. No México, então, existe até a Plaza Brasil, uma praça em homenagem à Seleção Campeã Mundial de 1970, que encantou toda uma geração de mexicanos.

Diante de tão grande idolatria para com o futebol brasileiro, o que falta para os grandes clubes tupiniquins iniciarem suas “Grandes Navegações” pela América? A primeira resposta plausível seria dinheiro, ou a falta dele. No entanto, com os salários surreais pagos atualmente por aqui e com o poder internacional das marcas que fornecem material esportivo para os clubes, a questão financeira parece não ser a grande responsável. Até porque um projeto de internacionalização pela América, que disponibilizaria não só produtos, mas a história do clube para países como a Jamaica, de Usain Bolt, não deve ter um custo tão astronômico assim.

O que os clubes precisam é de criatividade para fazer suas respectivas histórias serem conhecidas. Talvez um museu móvel, uma embaixada com ex-craques, um cinema itinerante... Não é apenas questão de marketing, de vender produtos, mas de se postar como gigantes que o são.

O que falta aos cabeças do futebol brasileiro, na realidade, é a visão para entender que ações simples podem fazer com que na próxima vez que um símbolo do esporte visitar o Brasil e receber uma bandeira ele diga: “Claro que conheço este clube!”

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