terça-feira, 25 de junho de 2013

ESQUEÇAM OS NÚMEROS! VIVA O TAITI!

Se o bíblico embate entre Davi e Golias tivesse ocorrido em um estádio brasileiro, todo o apoio dos presentes estaria com Davi. Invariavelmente o torcedor brasileiro estabelece uma empatia com o que aparenta maior fragilidade. Ou, no mais extremo, com aquele que sabidamente será derrotado. Um exemplo fiel, como escreveu o jornalista Sandro Moreira, ocorreu em 1982, quando os brasileiros presentes à Espanha para acompanhar a Copa do Mundo foram a uma tradicional tourada e, para espanto dos espanhóis, torceram ensandecidamente pelo touro.

E assim também foi durante a campanha do Taiti na Copa das Confederações. Todos sabiam que os carismáticos goleiros taitianos se cansariam de buscar bolas no fundo das redes. Mas não importava. No Mineirão, no Maracanã, na Arena Pernambuco, na televisão de bares e lares, independentemente do adversário, o apoio brasileiro era total. E a interação entre torcida e Seleção Taitiana se tornou ainda mais forte porque os jogadores – todos amadores, com exceção do meio-campista Vahirua – demonstravam em campo uma vontade enorme de fazer o melhor. De “jogar com o coração”, como pedia o treinador, Eddy Etaeta.

Os que não viam o Taiti em campo exclamavam diante dos placares elásticos. Principalmente as mulheres, sempre mais doces: “Tadinhos... Seria melhor nem ter viajado...”. Um enorme engano. Quem assistiu aos jogos taitianos saiu com a sensação de que eles estavam tão felizes com os aplausos e incentivos vindos das arquibancadas que, se possível, jogariam um terceiro tempo, quarto tempo, quinto tempo... Eles queriam absorver cada segundo daquela experiência maravilhosa dos aplausos num país que respira futebol.


Para os que apenas olham a tabela, o Taiti termina a Copa das Confederações com um saldo total de 24 gols sofridos e apenas um marcado, além de levar um 10 a 0 que iguala a maior derrota já sofrida em sua história e é a mais acachapante goleada já ocorrida em um torneio organizado pela FIFA. Isto para quem se agarra a frieza dos números, pois quem acompanhou os aplausos dos mais de 110 mil presentes aos três jogos, a alegria incontrolável diante do gol marcado contra a Nigéria, os gritos de “Olé!” nas trocas de passes, os berros de “expulsa” diante de uma falta dura sofrida – principalmente pelo veloz e arisco Chong Hue –, os pênaltis perdidos por Espanha e Uruguai, a volta olímpica na Arena Pernambuco com bandeiras brasileiras e a faixa escrita “Obrigado, Brasil”... aquele que presenciou estes momentos sabe que poucos presentes à Copa das Confederações têm mais motivos para sorrir do que os taitianos.

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