segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

INTERINOS E PODEROSOS


Seria cômico se não fosse trágico. Dos dez clubes melhores colocados do último Campeonato Brasileiro, sete começarão 2014 com um técnico diferente. Em alguns casos a decisão de mudança partiu dos próprios clubes. Em outros, dos treinadores. E em ambos podemos confirmar que continuidade é uma palavra que não tem muito valor no nosso futebol.

Grêmio e Atlético Paranaense, segundo e terceiro colocados, decidiram não contar mais com os trabalhos de Renato Gaúcho e Vagner Mancini. Nos dois casos, pelo menos aparentemente, nada de grave ocorreu nos bastidores que possa ter superado os bons resultados, pois tanto Renato como Mancini exalaram elogios e agradecimentos nas declarações sobre suas respectivas saídas. O Santos (sétimo), por sua vez, já parecia haver demitido Claudinei Oliveira há séculos.

Osvaldo de Oliveira acredita que terá neste mesmo Santos melhores condições para realizar seu trabalho em 2014 do que no Botafogo (quarto). Enderson Moreira viu na troca do Goiás (sexto) por Grêmio um grande salto na carreira. Cuca deixou o Atlético Mineiro (oitavo) para encher os cofres na China. De todos os casos, o mais emblemático é o de Tite. Idolatrado pelos torcedores, adorado pelos jogadores e respeitado pelos diretores, por que diabos Tite saiu do Corinthians?

Diante deste troca-troca ensandecido, é possível observar uma enorme contradição: os treinadores são, simultaneamente, poderosos e descartáveis. Ao mesmo tempo em que recebem salários astronômicos e possuem mais poderes do que deveriam para montar elencos e apontar diretrizes táticas, técnicas, físicas e psicológicas (lembrando que é comum a comissão técnica ser escolhida pelo próprio técnico), os treinadores não têm ideia de como será o amanhã. São todos interinos, mas interinos com autoridade.

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