quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

PRECISA-SE DE CONHECIMENTO


Sobre o aumento do número limite de estrangeiros por time brasileiro para cinco, dois assuntos se tornam de debate obrigatório. O primeiro deles é se o nosso futebol se tornará menos revelador de craques pela possibilidade de se escalar quase meio time com estrangeiros, um fenômeno bem conhecido na Europa. O segundo é saber se os clubes tupiniquins estão preparados para buscar o melhor que se encontra nos vizinhos sul-americanos. E é no segundo assunto que este bate-papo se debruça, e, de supetão, afirmo: os clubes brasileiros têm um conhecimento mínimo sobre o pé de obra no restante do continente.

Crentes de que um punhado de DVDs com melhores momentos montados pelos empresários dos jogadores é suficiente, os clubes brasileiros não possuem a estrutura capaz de fornecer conhecimento acerca dos jogadores sul-americanos. Qual foi a revelação do último Apertura Chileno? Quem foi o goleiro menos vazado do Apertura Uruguaio 2013, recém-terminado? De todas as ligas sul-americanas, quem foi o jogador com menos de 23 anos e mais gols marcados no ano passado? Conheceria um meio-campista experiente e cerebral? Um zagueiro jovem e alto? Um centroavante trombador? Um lateral de cruzamento certeiro? Um volante com melhor passe do que poder de marcação?

Pois bem, amigos, qualquer que tenha sido clube alvo destas perguntas, as respostas não seriam facilmente acessadas. Muito por estes clubes serem reféns dos empresários dos jogadores e mais ainda pela ausência de, digamos, comissões de observadores. Não precisa ser um grande entendedor de economia para saber que o salário de um jogador graúdo, repleto de zeros, seria suficiente para manter uma comissão de observadores em cada um dos outros nove países sul-americanos. In loco, estes observadores assistiriam às partidas ao vivo (nada de montagens com alguns lances), acompanhariam os debates existentes na imprensa local, buscariam informações contratuais e organizariam planilhas e planilhas de conhecimento técnico, tático, físico e psicológico (comportamental) dos jogadores.


Como destino final, todas estas informações seriam centralizadas no departamento responsável por realizar as contratações. Aí sim os interesses do clube estariam menos contaminados pelos dos empresários, os elencos realmente se tornariam mais fortes e o aumento do número de vagas para estrangeiros acabaria por resultar num Campeonato Brasileiro de maior nível. Do jeito que está o aumento de vagas traz apenas mais oportunidades de se atirar no escuro. 

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