segunda-feira, 3 de agosto de 2009

GRANDES SELEÇÕES DA COPA DO MUNDO - ÁUSTRIA 1934

ÁUSTRIA - 4ª COLOCADA NA COPA DO MUNDO DE 1974

ELENCO

Goleiros: Platzer, Raftl, Franzl
Defensores: Cisar, Sesta, Janda, Schmaus
Meio - Campistas: Smistik, Urbanek, Wagner, Hofmann
Atacantes: Zischek, Bican, Sindelar, Viertl, Horvath, Hassmann, Braun, Kaburek, Schall, Stroh, Walzhofer
Técnico: Hugo Meisl

CAMPANHA

Áustria 3 x 2 França
Áustria 2 x 1 Hungria
Áustria 0 x 1 Itália
Áustria 2 x 3 Alemanha

A Copa do Mundo de 1934, realizada na Itália, não contou com duas das principais Seleções da época. O Uruguai, ressentido com a ausência de algumas equipes européias no Mundial realizado por lá, em 1930, se negou a participar desta edição da Copa. Vale lembrar que o Uruguai além de ter sido Campeão do Mundo, em 1930, também havia conquistado os títulos olímpicos em 1924 e 1928. Outra potência que esteve ausente na Itália foi a Inglaterra, que ainda preferia viver isolada do restante do planeta bola. Porém, o torneio teve a honra de contar com o que foi um dos principais representantes do futebol-arte em todos os tempos: a Áustria do treinador Hugo Meisl.

Hugo Meisl foi o comandante e idealizador desta que era a sensação européia no início dos anos 30. Praticando um jogo de toques curtos, refinados e rápidos, a Áustria envolvia seus oponentes, com um futebol inovador e diferente. A beleza apresentada pela equipe em campo, que lhe rendeu o apelido de “Wunderteam” (Time Maravilhoso), está relacionada a alguns conceitos de Hugo Meisl. O treinador exigia que sua equipe não desse os famosos chutões para frente, buscando a rápida ligação com o ataque, mas sim que a bola percorresse de pé em pé até o campo ofensivo. Entretanto, a maior contibuição dada pelo treinador foi que com ele surgiu o embrião do Futebol Total. Reparem em suas palavras e se assustem com tamanho conhecimento de futebol ainda na década de 30: “Os onze jogadores devem estar em permanente movimento para impedir o adversário de adivinhar as suas intenções. Mesmo um médio, se tiver oportunidade, deve avançar no terreno e surgir, de surpresa, na área adversária, mas, nesse mesmo instante, um seu colega deve imediatamente ocupar o seu posto em campo subitamente vazio pelo seu adiantamento no ataque.”*.

Se Meisl era quem organizava a equipe fora de campo, dentro das quatro linhas, quem liderava o Wunderteam era Matthias Sindelar, considerado por muitos como o atacante mais completo pré-2ª Guerra Mundial. Sindelar possuía uma qualidade técnica imensurável, grande facilidade para balançar as redes e devido ao seu porte físico franzino e a leveza com que flutuava em campo recebeu o apelido de “Homem de Papel”, apelido este que o marcaria para sempre. Além do futebol vistoso que mostrava dentro das quatro-linhas, o envolvimento com a política tornou Sindelar um personagem ainda mais lendário. No meado de década de 30, a Áustria foi anexada ao território alemão e com  a equipe de futebol não foi diferente. A Seleção Alemã esperava contar com os grandes jogadores austríacos, porém Sindelar, judeu e muito contrário à ideologia de Hitler, se negou constantemente a vestir outra camisa que não a da Áustria. E teve mais! Em uma partida amistosa para celebrar a unificação dos países, a Áustria venceu a Alemanha por 2 a 0 e, após marcar seu gol, Sindelar comemorou com muito entusiasmo, na frente da tribuna onde se encontravam oficiais nazistas. Pouco tempo depois, Sindelar, o “Mozart do Futebol”, foi encontrado morto, ao lado de sua namorada, asfixiado por monóxido de carbono. Acidente? As autoridades disseram que sim.

Voltando ao Mundial de 1934, a Áustria chegava para a competição com um retrospecto impressionante. Apenas números não podem traduzir o encanto que o “Wunderteam” gerava na Europa, mas eles são incríveis. Reparem em alguns triunfos obtidos pela Seleção Austríaca, antes da Copa do Mundo: Suécia (4 x 1), Escócia (5 x 0), Alemanha (6 x 0), Suiça (8 x 1), Hungria (8 a 2), Bélgica (6 a 1), França (4 a 0) e Bulgária (6 a 1). Simplesmente inacreditável.

Iniciada a competição, a Áustria eliminaria a França e a Hungria e conquistaria o direito de enfrentar os donos da casa, a Itália, na fase semi-final. Existem muitos boatos, envolvendo esta partida, de que o ditador italiano Mussolini havia “conversado” com o árbitro antes da partida e este beneficiado a Itália. O fato, porém, é que Sindelar não conseguiu escapar da dura marcação de Luis Monti e o “Time Maravilhoso” não teve forças para bater o futuro Campeão do Mundo. Foi uma derrota que impediu uma brilhante Seleção conquistar o mundo, mas em nenhum momento diminuiu sua importância para o planeta bola.

*http://www.planetadofutebol.com/article.php?id=918

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