terça-feira, 26 de março de 2013

NÃO, SEEDORF, VOCÊ NÃO PODE SAIR POR ONDE QUISER

O futebol de Seedorf é o futebol de um lorde. Categórico, limpo, suave, doce... Um olhar forçado poderia ver um sorriso na bola quando em seus pés. Dentro do elenco alvinegro, é da clareza do sol a sua influência sobre os companheiros, numa espécie de hierarquia benéfica. O holandês sabe muito de futebol e sabe como passar seus conhecimentos aos companheiros, o que é uma tarefa dificílima. No entanto, nem todos os elogios que Seedorf merece, e estes poderiam se estender por linhas e mais linhas, justificam sua tentativa de se aproveitar dos seus status e nome para questionar a autoridade do árbitro durante uma substituição e não só bradar “saio por onde quiser” como tentar fazê-lo.

Não, esta não é uma defesa ao juiz Philip Georg Bennett e seus auxiliares, que realizaram uma péssima arbitragem no duelo entre Botafogo e Madureira. Só para ficar nos dois erros principais, não viram mão do goleiro Márcio fora da área e demoraram cerca de dois minutos para assinalar um impedimento quilométrico, o que resultaria na anulação de um pênalti marcado. Abre parêntese. É uma vergonha enorme alguns jornalistas gritarem que o pênalti deveria ter sido cobrado, mesmo sabedores de que este fora apontado de forma errônea. Deve-se analisar, sim, se houve influência externa de replay televisivo ou informação de repórter de campo, o que seria proibido – regras são regras –, mas exigir a cobrança de uma penalidade que foi apontada equivocadamente é uma sujeira sem tamanho. Um erro não justifica o outro. Fecha parêntese.

Mesmo diante de calamitosa arbitragem, Seedorf, talvez influenciado pela feição de garoto do juiz Philip Georg, o desafiou. O duelo já estava nos acréscimos, mas o Madura vivia, tanto que obrigara Jefferson a felina defesa aos 40 minutos. Ao ver que seria substituído, o holandês optou pela famosa cera e, bem próximo de uma das linhas laterais, decidiu sair pela outra. Philip tentou controlar com palavras e recebeu como resposta o “Saio por onde quiser”. Puxou o amarelo. Seedorf, infantilmente, transformou o caso numa batalha de honra, ignorou a advertência e foi sair por onde queria. Recebeu o vermelho. O Botafogo insiste que quem deveria sair era o Cidinho, fato que nem Seedorf percebeu, pois se percebesse não teria discutido com o juiz sobre por onde sairia de campo.

Luís Fabiano, Carlos Alberto, Kléber “Gladiador” e outros rotulados como “malucos” estariam a passar pelos mais diversos métodos de análise por parte da mídia e seriam chamados de descontrolados em tudo quanto é esquina. Seedorf não passará por este processo porque sua carreira não o estereotipou como jogador-problema, mas, principalmente, porque a mídia, encantada com seu carisma, o defende ferrenhamente.

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