domingo, 30 de março de 2014

HERNANE E A FASE DO CENTROAVANTE

Coisa misteriosa essa tal de fase do centroavante. No segundo semestre do ano passado, o flamenguista Hernane era capaz de transformar qualquer coisa que fosse na sua direção em gol. Às vezes ele estava no lugar errado, na hora errada, finalizava errado e a bola ia dormir, quietinha, no fundo do barbante. Mas eis que o futebol e o Flamengo entraram de férias...

Começou 2014 e Hernane só foi desencantar no terceiro jogo. E o fez com grandiosidade: enfiou quatro bolas nas redes do Macaé. Voltou a brocar somente após cerca de um mês, quando deixou sua marca contra o Emelec, em jogo que parecia ser sua despedida para o futebol chinês. A esta altura, apesar de todo o desejo pela permanência do centroavante na Gávea, o torcedor rubro-negro já não via um Brocador como o de antes.

As bolas de sempre já não entravam mais. Aquela sensação de que a brocada sairia a qualquer minuto foi dando espaço a uma, duas, três, quatro, incontáveis pulgas atrás da orelha. Não se pode deixar de dizer que o Flamengo, como um todo, não é nem sombra do Campeão da Copa do Brasil de 2013. A saída de Elias e o tempo de ausência de Luiz Antônio e Paulinho depenaram o Urubu. Hernane, homem de área – mais ainda, homem de apenas um toque na bola –, sofreu e sofre barbaridade com a queda do time.

Voluntarioso, se dedica, tenta fazer o pivô, abrir espaços, participar da organização, chutar de fora da área... Não é a dele. O negócio do Brocador é um toque na bola, uma bola na rede. E como que para deixar ainda mais nítido que o momento não é mesmo dos melhores, Alecsandro, que foi contratado para ser um daqueles reservas que só entra no finalzinho, não para de levantar o véu da noiva.


A explicação para a queda de Hernane passa por fatores técnicos, táticos, físicos e psicológicos não só do próprio, mas de todo o time do Flamengo. Mas mesmo sabendo o caminho para se encontrar os motivos da má fase do Brocador, não tem como não se intrigar com um centroavante que há alguns meses fazia de qualquer tijolo a alegria da galera rubro-negra e que, agora, parece estar sempre segundos e centímetros atrasado.

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