quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

DEZ! NOTA DEZ!

O Carnaval se aproxima e é impossível ficar indiferente a tamanha euforia popular. Que o digam os boleiros, que perdem o pouco foco que possuem nesta época do ano e se esbaldam em desfiles, blocos, bailes, camarotes, abadás... Cada canto deste imenso Brasil possui suas festas carnavalescas características, e, no Rio de Janeiro, o mundialmente conhecido desfile das escolas de samba é ansiosamente aguardado pelos foliões. A década de 20 marca o nascimento das primeiras escolas de samba, mas foi somente a partir dos anos 60 que estas e os desfiles começaram a se transformar no “Maior Show da Terra”.

Ao longo de tantos anos de escolas na avenida, não foram poucos os sambas-enredo que cantaram o futebol em suas letras, fossem direta ou indiretamente. Quando digo indiretamente, digo das homenagens realizadas a ilustres brasileiros que volta e meia são – ou eram, no caso dos que já partiram – vistos ao lado do futebol. Lamartine Babo, autor dos hinos dos cariocas América, Bangu, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, foi homenageado pela São Carlos, em 1973. Falando em hinos, Lupicínio Rodrigues, criador do belo hino do Grêmio, foi enredo da Unidos do Jacarezinho, em 1987.

Sérgio Cabral, o pai, e Chico Anysio, vascaínos daqueles que possuem o coração em forma de cruz de malta e conhecedores de futebol, viraram samba, no ano de 1997, da Em cima da hora e da Arranco, respectivamente. Chico Buarque, um apaixonado pela bola, como mostram sua canção “O Futebol” e seu famoso time de pelada, o Politheama, foi cantado pela tradicionalíssima Mangueira, em 1998. Para fechar o bloco dos ilustres cujas participações só valorizam o futebol, Nelson Rodrigues, o dramaturgo e cronista esportivo inigualável, protagonizou nada menos do que três sambas-enredo diferentes, cantados pela Tupy de Brás Pina (1982), Império da Tijuca (1994) e Unidos da Tijuca (2001), além de ainda ser o enredo da Viradouro neste 2012.

Falemos agora dos clubes, ou melhor, do centenário dos clubes cariocas. Em 1995, a Estácio de Sá, com o samba de título “Uma vez Flamengo...” homenageou os 100 anos do Rubro-Negro da Gávea, enquanto, três anos depois, em 1998, o primeiro século de vida do Vasco foi o enredo escolhido pela Unidos da Tijuca sob o nome de “De Gama a Vasco, a epopéia da Tijuca”. Um fato curioso envolve estes dois sambas-enredo. Apesar de a Estácio de Sá, em 1995, ter ficado a apenas 3,5 pontos do título, e de a Unidos da Tijuca ter sido rebaixada no carnaval de 1998, os versos “Vamos vibrar meu povão (é gol, é gol) / A rede vai balançar, vai balançar / Sou Vasco da Gama, meu bem / Campeão de terra e mar” são sempre cantados pelos vascaínos, enquanto o refrão “Cobra coral / Papagaio vintém / Vesti rubro-negro / Não tem pra ninguém” é ignorado pelos flamenguistas. No entanto, estranho mesmo foi o fato de a Rocinha ter homenageado o centenário do Fluminense em 2003, sendo que o Tricolor das Laranjeiras completara seu centésimo aniversário um ano antes.

Menos do que deveriam, os grandes craques também inspiram as escolas. Se não, vejamos. Só para ficar nas escolas mais tradicionais temos: “Negra origem, negro Pelé, negra Bené” – Caprichosos de Pilares (1998); “O glorioso Nilton Santos... Sua bola, sua vida, nossa Vila” – Vila Isabel (2002); “O Brasil é penta, o R é 9 - O fenômeno iluminado” – Tradição (2003). Não se sabe a veracidade, mas dizem que a Vila Isabel, que estava no Grupo de Acesso em 2002, só não retornou para o Grupo Especial com o enredo que homenageava Nilton Santos porque um julgador se enganou ao dar uma de suas notas.

Por último, mas longe de ser menos importante, temos “O mundo é uma bola”, que embalou o desfile da Beija-Flor no ano de 1986. Muitos conhecedores de sambas-enredo afirmam que o futebol nunca foi tão bem representado na avenida como neste desfile, que teve Joãozinho Trinta como carnavalesco e Neguinho da Beija-Flor como intérprete. No entanto, um dilúvio bíblico, quase igual ao que Noé enfrentou com sua arca, estava no caminho da Escola de Nilópolis, que acabou na 2ª colocação do Carnaval de 1986.

É isso, meus amigos. O FUTEBOLA deseja um perfeito carnaval para todos, com muita responsabilidade, folia e, claro, futebol.

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